O mistério dos macacos

Se assim como eu, você teve a grande sorte de possuir um Super Nintendo na década de noventa, certamente ficava empolgado para chegar ao final de semana para ir na locadora e rezar para os cartuchos da trilogia Donkey Kong Country estarem disponíveis para aluguel. Ou quem sabe, até mesmo ganhar um dos games de presente de aniversário ou natal.

Posso afirmar sem medo algum que os protagonistas do game ficaram tão populares quanto Mario, Luigi, Yoshi, Toad, Samus e companhia limitada. Tudo que envolvia os games era de muita perfeição, seja com gráficos que beiravam a realidade, passando por uma trilha sonora fabulosa, sem contar os inúmeros segredos que eram descobertos nas fases.



Tudo parecia óbvio para os próximos consoles da Nintendo, mas o fato é que cada vez mais, os títulos baseados na história do querido gorila ficavam escassos, se resumindo a um ótimo game de corrida lançado para Nintendo 64 e praticamente parávamos por aí. E para piorar tudo, o estúdio Rare, responsável pelas mascotes, havia sido adquirido pela Microsoft. Afinal de contas, o que aconteceu? Esse é um dos grandes mistérios da indústria de jogos.

Uma nova esperança...

Após a ausência de bons títulos para Game Cube, GBA, entre outros, tudo parecia perdido para os fãs dos macaquinhos e seus segredos escondidos em cada quebra-cabeça. Mas eis que em 2010, a Big N anuncia sem nenhum tipo de pretensão, um dos games que viria a ser um dos maiores jogos lançados para o saudoso Wii: estamos falando de Donkey Kong Country Returns.

Não é difícil pensar no porquê do enorme sucesso do título, mas basta imaginar que a grande inspiração foi o “retorno” da clássica jogabilidade da era 16 bits, reacendendo a chama quase que apagada no coração dos fiéis fãs. Não só isso, mas o sucesso foi tão grande, que o game recebeu um port para Nintendo 3DS, além de uma continuação para Wii U e Nintendo Switch: Donkey Kong Country Tropical Freeze, que vale ressaltar, considero o título muito subestimado, especialmente após a atualização trazendo o Funky Kong.

A melhor forma

Agora, a versão definitiva de um dos games mais aclamados do Wii está entre nós. Mais belo, mais animado, sem perder 1 mísero pixel do que as outras versões apresentavam. Me arrisco a dizer que esta remasterização era a cereja do bolo que faltava no resgate de jogos mais antigos.



Vale ressaltar que o estúdio alterou pouquíssimos aspectos da versão do 3DS, esta que já contava com uma nova dificuldade, além da possibilidade de carregar mais itens em cada nível e novos boosts na loja de Cranky, deixando o game mais aprazível para novos jogadores.

Todo o enredo do game foi mantido, no qual os animais da ilha de Kong são hipnotizados pelos invasores da tribo Tiki Tak, para roubar o bem mais precioso para um macaco: suas valiosas bananas.

Não tem como deixar de apreciar os cenários mais coloridos, com uma remodelagem singela, mas que quando comparado ao jogo original deixa tudo mais claro. Não que o game contasse com um visual desagradável, bem longe disso.

A vegetação está consideravelmente mais rica, abundante, enquanto que o efeito de assoprar um dente de leão ficou muito mais bonito. Até mesmo a movimentação de alguns inimigos está mais fluida, assim como a do próprio Kong. São pequenos ajustes que deixam a experiência mais agradável e com vontade de jogar tudo de novo.

Facilitando as coisas ou modernizando?

Confesso que não sou lá o maior jogador de games de plataforma, mas nunca deixei de confiar nos meus pulos, especialmente por gostar muito de Crash Bandicoot.  Mas a questão é que na versão de Wii, alguns comandos eram prejudicados por muita precisão (ou a falta dela), no qual alguns movimentos eram realizando ao balançar o wii remote.

Graças a Donkey Kong Country Returns HD essa “falha” foi consertada consideravelmente, ainda mais para os adeptos do pro controller. Possuir a destreza do timing em jogos de plataforma é essencial para o sucesso nas mais de oitenta fases que o game oferece ao jogador, distribuídas em nove mundos diferentes.



Acredito que em cerca de quinze horas, até mesmo o jogador mais casual consiga zerar o game sem muita dificuldade, considerando não só as vantagens de um controle melhorado, mas até mesmo as vantagens já mencionadas. Para quem não teve a oportunidade de jogar, os títulos de Super Nintendo eram traiçoeiros.

Cadê o molho?

Falar bem de Donkey Kong Country Returns HD é muito fácil, pois trata-se da remasterização de um dos jogos mais legais de Wii. Ele conta com tudo: gráficos, trilha sonora, jogabilidade, diversão, segredos...então o que tem de errado?

Veja bem, assim como foi o caso de Tropical Freeze, acredito que a Nintendo poderia ter feito algo similar por aqui. Que fosse a criação de novas fases ou a possibilidade de jogar com personagens novos. Não só isso, mas considero pagar o preço cheio em uma remasterização um exagero sem tamanho. Mas claro, para mim, que conhece Kong desde os seus primórdios.

Um marinheiro de primeira viagem certamente irá ficar encantado com tudo que o jogo apresenta. Não tem como não gostar de Donkey Kong Country Returns HD. Sem dúvida é um título para deixar o legado do Switch ainda mais completo. 

Agradecemos a Nintendo por nos fornecer uma chave de Donkey Kong Country Returns HD e fazer esse conteúdo possível.