Sangue e areia em Prince of Persia: The Lost Crown | Review

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As areias do tempo (piadinha não intencional) chegam para renovar uma das mais tradicionais franquias dos games.
Em busca da coroa perdida.  

O herdeiro foi sequestrado. O monte Qaf, outrora deslumbrante e vivo, sucumbe às maldições e ameaças impostas sobre si. Como um dos sete imortais, é nosso dever resgatar o herdeiro e trazer paz de volta às terras persas. Mas tudo tem o seu preço…

Alternando entre paisagens belíssimas e ambientes verdadeiramente hostis, Prince of Persia: The Lost Crown chega tanto para reapresentar quanto para resgatar elementos importantes da franquia, agraciando-nos com muita ação e aventura em um game de plataforma metroidvania. 

Desenvolvido pela Ubisoft Montpellier e publicado pela Ubisoft, o game conta com om data de lançamento prevista para o dia 18 de janeiro de 2024 (15 de janeiro no acesso antecipado), chegando ao Nintendo Switch, PC, Playstation 4 e 5, Xbox One e Serie X/S e Amazon Luna. 



Eis que emerge um novo herói, Sargon.

Prince of Persia: The Lost Crown nos coloca sob o controle de Sargon, o mais jovem membro dos sete imortais, o grupo de elite protetor do reino da Pérsia. Liderado por Vahram, esses sete irmãos em armas lutaram muitas batalhas em nome da rainha da Pérsia. Mas dessa vez, uma ameaça atinge o coração do reino: o filho da rainha fora raptado. Mais uma vez, os sete são convocados e partem para a missão de resgate, que os leva para locais arruinados, envoltos em mistério e magias incompreensíveis. 

Sargon é o nosso protagonista nessa aventura. Veloz e muito habilidoso com suas espadas, o herói precisa correr contra o tempo se quiser resgatar o filho da rainha. Mas a sua vontade será testada a todo momento, já que por conta das maldições que envolvem o Monte Qaf, podem fazê-lo enfrentar até mesmo aqueles que um dia considerou como família. 

Prince of Persia: The Lost Crown consegue estruturar uma trilha narrativa bastante coesa e que se mantém interessante durante toda a jogabilidade. O enredo central nos é apresentado já nos primeiros minutos de jogo, com uma carga emocional que engaja facilmente. Além disso, somos apresentados a cada um dos sete imortais, o que além de gerar sensação de pertencimento, constrói cedo uma empatia que será importante ao longo do jogo. Os personagens da equipe, assim como Sargon, tem personalidade bem marcante e se destacam facilmente uns dos outros. Quer sejam bem humorados, quer sejam mais centrados, os sete convencem o jogador de que sua presença acrescenta à narrativa. 



Para além destes, personagens secundários também compõem o storytelling do game, enriquecendo a narrativa, ainda que projetados como estruturas de gameplay. A efeito de comparação, podemos citar a NPC que fornece partes de mapa, Fariba. Diferentemente de outros jogos, como Hollow Knight e Chasm, cujos NPCs cumprem o seu propósito de forma puramente funcional, Fariba se mostra como uma verdadeira guia para o jogador, trazendo percepções e complementando o conhecimento em torno da história. 

Ainda, o game consegue construir sua história a partir de fragmentos e elementos textuais espalhados pelo mundo, o que amplia a percepção do jogador acerca do mundo e dos eventos que o cercam, mas, sobretudo, a respeito das crenças e cultura local. 

Estive envolvido com a história do game a todo momento. Apesar de jovial, a narrativa me prendeu tal como um bom anime shounen. Fiquei interessado por saber mais sobre o mundo, e, por conhecer um pouco da cultura persa, a atmosfera me prendeu sem muito esforço devido à sua fidelidade e qualidade ao retratar elementos do mundo antigo. 



Mas isso só quando eu não estava fazendo uma coisa:

Descendo a porrada com estilo!

Prince of Persia: The Lost Crown traz uma jogabilidade como há muito eu estive esperando: simples, responsiva, veloz e divertida. Diferentemente dos combates de jogos mais modernos, que presam pela fidelidade da física ou que apresentam nível de complexidade alto, esse novo Prince of Persia mostra que nem toda profundidade é boa, especialmente quando ela impacta na diversão. 

No game, contamos com um combate frenético, que se baseia em três mecânicas básicas: atacar, aparar e esquivar. O ataque é realizado por meio das espadas, e do arco e chakram que liberamos posteriormente. Ataques sequenciais geram recursos para golpes especiais que podem variar entre dano puro ou recursos táticos, como cura e pushback. 

Enquanto a esquiva serve para aqueles golpes que não conseguimos aparar, o aparo nos recompensa com finalizadores poderosos quando bloqueamos ataques nos momentos certos. Basicamente, o combate acontece dessa forma e que bom que é assim. O game é completamente dinâmico e realmente muito divertido de se jogar do início ao fim.



As armadilhas e plataformas reaparecem e dão o tom na jogabilidade. Bem construídas e criativas, elas nos relembram o porquê da franquia ser tão bem reconhecida. Mas dessa vez, contamos com um mundo no melhor estilo metroidvania para tornar toda exploração ainda mais divertida e instigante. 

O game conta ainda com um sistema de relíquias que lembram os artefatos do Hollow Knight. Com poderes únicos e muito funcionais, elas acrescentam muito à experiência e trazem mais complexidade à jogabilidade. Elas podem ser atualizadas no hub do jogo para se tornarem mais poderosas por meio de materiais especiais encontrados pelo mundo, assim como as armas e demais recursos do herói. A progressão lembra um pouco Steamworld Dig, o que para mim é mais um grande elogio à franquia. 

Os controles estão muito bem calibrados, o que permite a movimentação ser ágil e dinâmica a todo momento, algo extremamente importante em jogos metroidvania, especialmente quando se propõe um game com as proporções do Prince of Persia.

Falando em proporções, o game conta com cerca de 20 a 25 horas de gameplay que se passam em diversos biomas diferentes, inimigos únicos, diversas missões secundárias e poderes especiais para serem desbloqueados ao longo do jogo. A jornada do Sargon é longa, mas nada exaustiva. Pelo contrário, é diversão a todo momento. 

E caso você não seja do tipo explorador, o game conta dois modos de experiência, o modo Exploração e o modo Guiado. No primeiro, você fará as suas próprias descobertas no mundo, enquanto no segundo, a experiência será mais clara ao te orientar pelo mundo.



Um novo velho mundo 

Prince of Persia: The Lost Crown traz, além de uma estrutura de gameplay original para a franquia, renova completamente a sua estética. Com um visual jovial, cores vibrantes e elementos  visuais que parecem ter saído das revistas em quadrinhos, o game é charmoso e convincente. Enquanto parece construir um visual que apena para audiências mais jovens, o game é muito habilidoso em contar uma história para os olhos que cativa até mesmo os mais velhos. 

Com cenários diversos, que buscam inspirações no mundo real, o game te transporta para uma realidade alternativa onde personagens, monstros e poderes convergem para proporcionar uma experiência imersiva e verdadeiramente prazerosa. 



Além disso, a trilha sonora consegue enraizar o jogador no game e nos elementos tradicionais que perpassam o mundo antigo. Desde os efeitos até as falas dos personagens, que contam com dublagem persa como opção, o game consegue te levar para o mundo antigo à sua maneira, revitalizando tudo o que há de melhor para uma experiência marcante.

Para essa review, Prince of Persia: The Lost Crown foi jogado no PC, através da Ubisoft Connect.

Agradecemos imensamente à Ubisoft por fornecer a chave de acesso e ter feito esse conteúdo possível. 
 
Sangue e areia em Prince of Persia: The Lost Crown | Review
Nota
88
Excelente

Prince of Persia: The Lost Crown é uma reinvenção ousada da Ubisoft sobre uma das franquias mais tradicionais do games. E é dessa forma que deve ser. Como percebemos, quando a criatividade flui, jogos incríveis nascem e revitalizam não apenas a si próprios, mas a indústria como um todo. Fui grato por experienciar esse novo passo da franquia.

Pontuação

  • Jogabilidade
    85
  • Gráficos
    85
  • Áudio
    90
  • História
    90
  • Controles
    90
Critérios da pontuação
Sobre o autor
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Diego Lourenço
Redator
RP, Redator, Roteirista e Pesquisador da cultura Nerd. “A famous explorer once said that the extraordinary is in what we do, not who we are.”
Sobre o jogo
Prince of Persia: The Lost Crown
Prince of Persia: The Lost Crown

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