O jogo de Sand Land é uma digna homenagem para Akira Toriyama | Review
Criado em meados dos anos 2000, o mangá Sand Land é uma das últimas obras que tem a participação de Akira Toriyama, e conta a história do príncipe demônio Beelzebub, Xerife Rao, a misteriosa Ann e o carismático Thief, enquanto eles embarcam em uma jornada pelo deserto arenoso para localizar uma Fonte Lendária, lutar contra monstros perigosos e gigantescos, além de lidar com um exército e acabar com a tirania de um rei malévolo. Com uma história sem muitos rodeios, Sand Land já mostra todo o seu potencial para ser uma despedida à altura do eterno escritor de Dragon Ball.
Mad Max dos animes
O início da jornada acompanha quase que fielmente a história do mangá, no qual a escassez de água por todo o deserto é a grande causa de muitas mortes e pobreza por toda a área, e o culpado por essa ganância é o maligno General Zeu, que lidera um exército com muitos homens capazes de causar toda a crueldade com quem tentar roubar seu líquido precioso para sobreviver.
Buscando dar um basta nessa crueldade, o demônio Beelzebub e seu fiel companheiro e mestre dos disfarces, Thief, resolvem ajudar o Xerife Rao a dar um basta nessa história, enfrentando todos os perigos para conseguirem chegar ao Lago Lendário, para que assim todas as criaturas do deserto possam usufruir de água e sobreviver ao escaldante clima arenoso e de muito calor no qual humanos e demônios dividem sua existência de forma tranquila.
Apesar da missão parecer bem simples, os perigos aparecem de diversas formas, como gigantescas criaturas do deserto, além de soldados do General Zeu espalhados por todos os lados e prontos para acabarem com o plano dos amigos. Com isso, o trio conhece uma misteriosa mecânica, Ann, que além de ser líder de uma força rebelde, é inédita para o arco do mangá e modifica levemente os acontecimentos quando comparado ao que foi originalmente planejado. E falo isso de uma forma muito positiva, já que a personagem consegue criar mais dinâmica e foge dos clichês já conhecidos por todos os fãs da cultura japonesa, como lutas e mais combates até encontrarem o que tanto procuram.
Inédita Parte 2
Sem muitos spoilers sobre os acontecimentos do jogo, com o decorrer da história o trio descobre que Ann não é apenas uma mecânica, mas sim alguém muito importante no abundante reino de Forest Land, inédito na história do mangá e possuidor de água em abundância, mas que está sendo controlado por um rei usurpador chamado Muniel, que tem intenções maléficas de dominância global, nem que ele tenha que acabar com todas as formas de vida do planeta.
Mais uma vez o título demonstra como a ganância é um dos grandes males da humanidade e gerador de muitas guerras. Não só isso, mas com o decorrer da aventura também é notável como que os humanos hostilizam os demônios heróis, desprezando-os apenas pelas suas aparências diferenciadas, apesar de ambos possuírem um coração enorme.
A história de Sand Land só reforça o quanto que o escritor sempre procurou tratar de problemas sociais que a sociedade tenta mascarar, fazendo com que seus leitores possam abrir suas mentes e levar seus ensinamentos para toda a vida, criando uma sociedade mais justa e com mais amor pelo próximo. Toriyama sempre esteve um passo a frente, não é mesmo?
Muito além do padrão
Confesso que quando soube do lançamento de Sand Land, não esperava muita coisa no quesito gameplay, que o padrão da grande maioria dos jogos é resolver todo e qualquer tipo de problema enfrentado na porrada em arenas fechadas, no qual apertar apenas um botão e andar para a frente é suficiente. Ainda bem que fui surpreendido.
O estúdio Ilca fez muito bem a lição de casa e sabe que Sand Land é muito mais do que lutas e muita ação, mas que aborda personagens refinados, com excelente bom humor, carisma e que podem oferecer muito mais ao jogador. E isso fica bem claro desde o início do game, oferecendo uma gama de oportunidades para o príncipe demônio desbravar com seus amigos, mas claro, sem esquecer do combate dinâmico e com ação desenfreada.
Um fator que me chamou muito a atenção é sobre a invasão das bases inimigas, que funcionam ao modo stealth, no qual caso você seja visto, é game over na hora, lembrando jogos como Metal Gear ao ter que ficar atrás de caixas e matar inimigos sem ser notado.
Contando com uma abundante área repleta de atividades interessantes, como missões secundárias e revelações sobre os segredos que podem ser encontrados no árido deserto, Sand Land entende que fazer com que Beelzebub saia correndo não seria a forma mais inteligente de conhecer seu mapa, que para isso disponibiliza uma série de veículos para percorrer as distâncias dos objetivos mais rapidamente, além da possibilidade de evitar combates desnecessários, caso julgue que a luta pode ser desfavorável nesse momento.
Os dois lados da moeda
Ficando gratamente surpreso com a possibilidade de utilizar veículos em Sand Land para percorrer o mapa do game, ele também oferece a possibilidade de fugir de ameaças, mas claro que funciona como uma verdadeira arma, ainda mais no início do jogo que controlamos um tanque de combate roubado das forças do General Zeu.
Essa possibilidade de resolver os conflitos contra monstros e criaturas gigantescas encontrados no deserto com os veículos é uma enorme vantagem, que faz com que os combates não fiquem repetitivos e monótonos como é a maior parte dos jogos nesse estilo. Sem dúvida que essa opção deixou o jogo muito mais convidativo e surpreendente.
Mas como nem tudo são flores, confesso que inicialmente, pilotar os veículos é um tanto quanto complicado, pois a aceleração se dá por conta do cursor que é muito atrapalhado pela câmera que nem sempre conseguir obedecer ao lado com o qual é necessário chegar para deixar a visão mais satisfatória. Você acaba pegando o jeito, mas acaba passando por uns momentos de raiva ao ser atingido por um golpe provocado pelo delay da câmera.
Dito isto, os veículos possuem uma grande variedade de modificações através de peças, manuais e outras plantas de armas que podem ser encontrados pelo mapa. Em geral, os veículos contam com duas armas: uma principal e uma secundária, que sem dúvida alguma são capazes de salvar a pele dos personagens em diversos momentos de maior perigo.
As armas do príncipe demoníaco
Como você deve ter percebido enalteci bastante as qualidades de Sand Land em proporcionar um veículo como forma alternativa de combate, mas nem por isso os personagens do jogo são fracos ou incapazes de enfrentar adversários na mão. Muito pelo contrário.
Beelzebub possui ataques fracos e fortes, além da possibilidade de usar um ataque mais poderoso quando o inimigo está vendo estrelas, causando um dano fatal. Não só isso, mas o herói também possui habilidades especiais que podem ser destravadas em sua árvore.
Claro que Rao, Thief e Ann não podem ficar fora da festa e também auxiliam Beelzebub nos combates mais difíceis, com o auxílio do comando L1. Isso não quer dizer que os personagens vão roubar a cena, mas não deixa de ser divertido assistir aos seus combos no decorrer do confronto.
Aqui, vale ressaltar que as batalhas sempre são muito divertidas e com cenas icônicas, fazendo com que passe a sensação de dever cumprido ao conseguir vencer um combate épico e cheio de nuances e variedades pelo efeito da possibilidade de usar veículos de guerra e outras artimanhas de confronto.
Um deserto com você imagina
Eu nunca tive a oportunidade de ir para um deserto, mas sempre imaginei serem locais com pouca vida e paisagens escassas. Como o game também acaba nos levando para uma floresta, você deve imaginar algo mais colorido, com fauna e flora por todos os lados, não é mesmo? Acho que não tenho uma boa notícia para você.
O grande problema do mapa é a falta de criatividade, fazendo com que todo o tipo de criatura e monstros encontrados fazem com que você tenha a vasta impressão de já ter encontrado com eles antes. Os modelos iniciais sempre são reutilizados. Não só isso, mas até mesmo as estruturas dos cenários são repetitivas, fazendo com que explorar o mapa seja algo maçante de observar. Ainda bem que o jogo conta com a possibilidade de viagem rápida pelas bases já visitadas.
Apesar da falta de imaginação, isso não quer dizer que Sand Land entregue gráficos ruins quando nos referimos aos personagens, muito pelo contrário. Com aquela estética já em mente de todo o anime, o game justifica o rótulo de adaptação e entrega personagens com muito carisma, charme e aquele toque especial dos desenhos shonnens.
Honrando seu criador
Sem dúvida alguma que Sand Land possui alguns pontos negativos já esperados, como um certo delay na movimentação dos personagens em algumas cenas, a falta de criatividade dos cenários, entre outros problemas como a movimentação inicial dois veículos, mas isso não apaga de forma alguma o brilho de como a última aventura de Akira Toriyama foi respeitada, assim como o seu legado.
O game foge da mesmice dos jogos de ação e consegue adicionar novidades muito bem-vindas nesse novo estilo de RPG, assim como também foi o caso do ótimo One Piece Odissey, que também teve participação do estúdio Ilca, que vai se mostrando cada vez mais capaz de inovar em jogos tão engessados ao longo do tempo.
A adaptação de uma história nem tanto conhecida pelo ocidente foi um acerto em cheio e acabou culminando como uma linda forma de homenagear o criador de Dragon Ball, mostrando também que sua forma de contar histórias sempre foi além de Goku e companhia.
Sand Land foi jogado em um PS5, gentilmente cedido pela publisher.
Nota
Sobre o jogo
Sand Land
- Data de lançamento: 1 de abril de 2024
- Desenvolvedora(s): Bandai Namco Entertainment, ILCA Inc.
- Publicadora(s): Bandai Namco Entertainment
- Modo(s) de Jogo: Single player
- Plataforma(s): PC (Microsoft Windows), PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S
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