Black Myth: Wukong justifica todo o hype ao seu redor | Review

Curtido por 1 pessoa(s)
Desenvolvido e publicado pelo estúdio chinês Games Science, Black Myth: Wukong chocou o mundo dos games com um incrível gameplay de 13 minutos logo em sua primeira aparição. Mas muito além do gameplay frenético, fluido e muito interessante, seus gráficos e ambientação deixavam tudo ainda mais impressionante, já deixando uma enorme dúvida se a versão final do jogo conseguiria manter toda a qualidade apresentada. Lançado 19 de agosto de forma definitiva para PS5 e PC, será que o game conseguiu manter e justificar a longa espera?

O Rei Macaco

A história de Black Myth: Wukong pode ser considerada como uma extensão da lendária obra do escritor Wu Chengen, Jornada ao Oeste, muito popular no Oriente, mas nem tanto difundida no Ocidente. Mas se assim como eu, você nunca leu esse clássico, saiba que a aventura de Goku e companhia em Dragon Ball é fortemente inspirada no conto.

Chama a atenção que o jogo não faz muita questão de explicar com detalhes sua história, nos deixando diversas vezes um pouco perdidos sobre quem é esse personagem comentado, ou onde fica determinado cenário. Talvez seja pelo fato de nem mesmo o estúdio ter acreditado no interesse dos jogadores desse lado do mapa, ou simplesmente pelo fato de considerar seu conto tão lendário que todos deveriam conhecer. Enfim...isso ainda é um ponto de interrogação.

Mas resumidamente, a história do game gira em torno do nosso personagem, um jovem wukong conhecido como “O predestinado”, que está em busca de localizar as seis relíquias mitológicas de sua espécie e reviver toda a glória perdida e tomada por deuses ancestrais. Esses, que são vistos logo no início de gameplay, mas irei falar sobre essa parte em breve.



Apesar da história de Black Myth: Wukong definitivamente não ser o ponto principal do game (pelo menos por este que vos escreve), ela conseguiu ser competente o suficiente para aguçar minha curiosidade para buscar mais informações sobre esses símios combatentes e toda sua glória vivida por outrora. Se a ideia da Games Science era fazer isso, eles acertaram em cheio.

Um personagem de poucas palavras, mas com muito a dizer

De forma abrupta, o jogo começa apresentando uma belíssima cutscene, no qual o personagem principal está se preparando para uma batalha nos céus contra alguns deuses ancestrais, portado de seu bastão mágico e pulando em um desfiladeiro, caindo em cima de uma nuvem voadora (aquela nuvem voadora), rumo ao seu destino.

Ao chegar no local pretendido, debochamos de um Deus, que ao que tudo indica tomou a decisão de nos expulsar do paraíso, deixando toda a magnitude de nossa espécie símia de lado, mas sem nenhum motivo aparente. Em busca de colocar tudo em pratos limpos, uma épica luta começa demonstrando todo o poderio do game em matéria de gameplay, mas que falaremos com mais detalhes em breve.

Após o desfecho do combate, nosso personagem cai dos céus como se fosse um meteoro, e é a partir desse momento que a verdadeira jornada do game começa, pois, o primeiro wukong que controlamos está velho, como um tipo de ancião de sua espécie, passando a responsabilidade de glória para um jovem símio, mas que diferentemente do idoso, não menciona uma palavra ao longo de quase mais de 40 horas, entre lutas, viagens e vitórias em busca de seu objetivo.



Vale mencionar que após a conclusão de cada um dos seis capítulos, cutscenes são apresentadas, trazendo todo o seu esplendor de gráficos, além de sempre trazerem um tom de dramaticidade e beleza rara.

O foco de Black Myth: Wukong

Desde o seu primeiro trailer publicado em 2020, Black Myth: Wukong deixava bem claro que se tratava de um game com muita influência em jogos do estilo soulslike, mas que não exatamente tentava emular o combate de Dark Souls, por exemplo. Podemos dizer que seus movimentos são mais inspirados em NieR: Atomata, Vanquish, Bayonetta, entre tantos outros characters action, com o símio usando e abusando de velocidade em ataques, mas sempre de olho nas barras de estamina, vigor, etc.

Usando seu bastão mágico, o nosso Predestinado terá um longo corredor da morte, enfrentando chefões gigantescos, apavorantes e muito estilosos, além de alguns inimigos menores, mas que morrem após um ou dois golpes. Sim, me arrisco a dizer que Black Myth: Wukong é praticamente um boss rush. Não que isso seja ruim, de forma alguma.

Em Black Myth: Wukong, nosso personagem não irá possuir uma série de armamentos e descobrir qual o melhor para enfrentar determinado inimigo, nem coisa do tipo. O foco é 100% na ação desenfreada, fazendo com que você consiga fazer as esquivas nos momentos corretos (já que o jogo não tem parry propriamente dito), e desferir golpes potentes o suficiente para que a ameaça sofra bastante dano.

Tente outra vez

Tenha em mente desde já que Black Myth: Wukong é bem difícil, desafiador, mas também é justo. Em batalhas perdidas, você não fica com a sensação que o game está desbalanceado, mas sim que você talvez não tenha entendido muito bem o padrão de golpes do inimigo, já que os personagens do jogo possuem uma gama bem considerável de movimentos.



Para auxiliar o wukong nos embates, o personagem, irá aprender feitiços salvadores, como a possibilidade de congelar o inimigo por alguns segundos e desferir boas sequências de golpes fortes. Esses, que devem ser usados sabiamente, já que a energia para uso é controlada por um medidor de mana.

Outra forma bem interessante e criativa de auxílio nas lutas é a transformação em chefes derrotados anteriormente, podendo usar até mesmo os golpes que antes trituravam você em pedacinhos. Você literalmente muda a aparência visual e herda todos os atributos das criaturas vencidas. Isso que traz um charme todo especial para a aventura.

Confesso que apesar das inúmeras opções para lutar e vencer batalhas épicas, ainda sinto falta de um bom e velho parry. Não precisava ser uma defesa para um contragolpe devastador, mas algo com uma janela de tempo menor.

Outras semelhanças

Mesmo não sendo um soulslike em sua essência, Black Myth: Wukong deixa rastros imprescindíveis de um bom e belo jogo da FromSoftware, como por exemplo uma gama bem extensa de estudo de movimentos dos inimigos. Mas não só isso, pois como você já deve ter percebido, com tantas formas de atacar, é óbvio que você deve escolher com cuidado o que usar. Não pode ser algo muito genérico, ou você não vai conseguir avançar muito.

Assim como manda o figurino, Black Myth: Wukong possui savepoints em santuários, diferentemente das tradicionais fogueiras, mas que funcionam também para que seja possível fazer alguma mudança em sua build de ataque, assim como melhor sua árvore de habilidades, que é bem mais simplificada.

As barras de estamina, vigor e magia chamam a atenção e sempre deve-se estar atento em seus consumos, que particularmente achei que as mesmas esvaziam rápido demais, até mesmo quando estamos apenas percorrendo um caminho básico.

A exploração de Black Myth: Wukong não é tão prazerosa de fazer, tratando-se de algo mais linear, sem muitas surpresas ao longo da área. Os itens com recompensas maiores invariavelmente serão de fácil chegada, mas claro que são opcionais. Mas apesar de sua lineariedade, não deixa de apresentar ambientes belíssimos.

Brilho não só no combate

Como mencionado anteriormente, Black Myth: Wukong encantou ao mundo dos games pela sua ação e também por seus cenários incríveis. Pois bem, tudo isso se manteve, quiçá, melhorou ainda mais em sua versão final. Fazia muito tempo que um game não me impressionava tanto com ambientação.

Desde uma simples folha de árvore, até o design das criaturas mais simples fazem com que você admire o que está ao seu redor por alguns segundos antes de uma tomada de decisão. Tudo no jogo é um vislumbre à parte. 



Até mesmo o balé gráfico implementado nas batalhas deixa tudo muito mais bonito de jogar e prestar atenção em cada detalhem seja do andar do símio, até o despertar da grandiosidade de seus movimentos mais habilidosos. Tudo encanta em Black Myth: Wukong.

Alguns espinhos

Nem tudo são flores em Black Myth Wukong, mas que apesar de alguns deslizes, todos são bem corrigíveis ao longo do tempo com breves atualizações. O primeiro ponto negativo é o tamanho das legendas, que para alguém como eu, com miopia, enxergar claramente as legendas não é algo muito fácil. E como o game não oferece o ajuste, isso complica a situação.

Outro ponto que chama bastante a atenção é com relação aos movimentos da boca dos personagens, que caso você opte pela língua inglesa de áudio, vai notar uma falta de sincronia com os lábios dos personagens. Notei alguns travamentos após a conclusão de cutscenes, mas nada que estrague a experiência.

Finalizando, a trilha sonora não é ruim, mas senti falta de músicas mais épicas em determinados momentos da jornada, quando você está perto de alguma grande ameaça, por exemplo. Tipo quando você sabe que a qualquer momento algo muito espetacular irá acontecer só de ouvir a trilha sonora.

Black Myth: Wukong foi analisado em um Playstation 5.
 

Gostou do conteúdo? Fique por dentro de todas as novidades e faça parte dos nossos grupos no Discord, Telegram, e Whatsapp. Siga-nos também no X, Instagram, YouTube e Twitch para se manter sempre atualizado!

Nota
90
Excelente

Não há dúvidas de que jogar Black Myth: Wukong é uma grata experiência. Combinando de forma exemplar um gameplay refinado com gráficos de cair o queixo, o estúdio Games Science conseguiu realmente entregar o que havia prometido: uma obra de arte, que sem dúvidas merece estar concorrendo ao Jogo do Ano de 2024.

Pontuação

  • Jogabilidade
    100
  • Gráficos
    90
  • Áudio
    90
  • História
    90
  • Controles
    80
Critérios da pontuação
Sobre o autor
Sobre o jogo
Black Myth: Wukong
Black Myth: Wukong

Comentários

Newsletter