Ficando baixo no radar

A Quiet Place é um jogo no estilo survival horror, inspirado nos filmes de terror de John Krasinky que levam o mesmo nome, porém no jogo o enredo é diferente, aqui nós acompanhamos Alex, uma jovem estudante com graves problemas de asma, cuja sua vida muda drasticamente após uma invasão misteriosa com meteoros que caem do céu.

E iniciamos a jogatina no pré apocalipse, conhecendo um pouco dos personagens, e posteriormente acompanhamos os mesmos depois que tudo já havia iniciado e as coisas haviam se estabilizado de certa forma, inclusive com os sobreviventes já cientes de que os monstros são atraídos pelo som e seu comportamento nada amigável.

A história de um modo real é até que interessante, o modo como ela se desenrola e já é bem apresentada logo no começo do jogo, para demonstrar as fortes intenções dos personagens, a má relação de Alex com sua sogra, como ela está lidando com sua descoberta de gravidez e como isso impacta profundamente em sua sobrevivência é bem legal.

E o jogo possui algumas referências ao filme e caso você não tenha os assistido pode perder algumas delas como o colecionável em formato de nave e o barulho da água que indica que uma área é segura, livre dos "Death Angels” como são chamados no filme.

Uma boa parte da lore é contada através de cartas, bilhetes e papeis encontrados pelo mapa, normalmente eles contam a história de personagens que estão ou que já estiveram naquele lugar, e nesse game ela é muito bem executada, é possível descobrir muito mais sobre os personagens que conhecemos, sobre os lugares onde estamos e sobre como as pessoas desse mundo lidaram com toda essa mudança.

Fica pianinho e ninguém sai ferido!

As mecânicas do jogo giram entorno do obvio; não fazer barulho, que é a premissa principal da série, porém nele a desenvolvedora deu um jeitinho de complicar as coisas e deixar tudo mais dinâmico adicionando certas mecânicas que apimentam a gameplay.

No level design, apesar de ser bem estranho que mesmo em áreas onde ficam grupos de pessoas como o hospital que seria uma suposta base, ter uma quantidade alta de latas e outras coisas no chão que ajudam a fazer barulho e atrair os monstros, esses obstáculos ajudam a criar a tensão e exigem um cuidado maior ao ato de simplesmente andar por aí.

Outro ponto que é bem interessante é que a protagonista possui asma, isso me fez criar um certo nível de desafeto com os asmáticos (piada), porque ela costuma ter essas crises durante o jogo em momento nada agradáveis, como ter um ataque por ficar tensa ao ver um monstro e chamar a atenção dele, caso você não tenha se precavido e coletado algumas bombas de asma, provavelmente irá morrer.

O sistema de itens é bem simplorio, você possui as baterias para carregar a lanterna, as bombas de asma para quando os indicadores do pulmão de alex estiverem ruins e evitar um ataque, e você também tem o detector de ruídos para ver o nível de barulho que está fazendo no ambiente, e também pode pegar algumas capsulas pelo mapa que não podem ser guardadas, mas são usadas para reduzir a asma.

E outro ponto que é opcional, porém muito divertido é a captura de som, no jogo você tem a opção de ligar a captura de som do seu próprio microfone, então caso algo te assuste e você faça barulho na vida real, ele capta e joga o som para o game, o que pode atrair inimigos e até causar sua morte, porém é algo que acrescenta uma certa dificuldade e torna o jogo muito mais divertido.

The sound of silence

Por mais que a trilha sonora desse jogo não seja das mais memoráveis, a equipe de som trabalhou muito bem, porque pense comigo, em um lugar quieto e silencioso, qualquer coisinha faz barulho, e foi nisso que eles mandaram muito bem, cada abrir de porta, cada poça de água pisada ou lata chutada, foi muito bem trabalhado para criar o principal ponto de imersão do jogo.

A sensação que você sente é a mesma de quando está recebendo visita da família que veio de viagem em casa e levanta de madrugada para buscar um copo d’agua, cada passo é milimetricamente dado para não fazer barulho e acordar todo mundo, porém aqui quando você derruba aquele copo de alumínio EXTREMAMENTE barulhento no chão, não é seu tio que vai acordar e sim um monstro gigante que irá matar você.

Os gráficos do jogo, apesar de não estarem perfeitamente polidos, são gráficos bonitos, as paisagens e construções estão muito bem feitas, os personagens também estão legais, mas nesse ponto eu acho que ainda dava para melhorar um pouco em comparação ao restante.

Em questão de desempenho não há muito o que se falar, o jogo não está pesado, rodou muito bem sem travamentos, lag ou problema de renderização, essa parte foi muito bem executada e não deu nenhuma dor de cabeça.

E de um modo geral o jogo foi muito bom, com certeza as pessoas que assistiram e gostaram do filme irão se divertir mais, pois eu tive a impressão de que o jogo foi feito para ser uma extensão da experiencia de quem já assistiu os filmes e quer uma dose a mais do que sentiram nele, tanto pelas referencias quanto pela parte imersiva da gameplay, acho que se o player já chegar com essa “base” que vem dos filmes ele terá uma melhor experiência.

Mas não se engane, não é que o jogador “puro”, que nunca teve contato com a obra não irá se divertir, muito pelo contrário, o jogo oferece uma boa diversão para esse público também, é só que acredito que pode ser melhor caso já tenha tido esse primeiro contato com os filmes.

Por tudo isso, acredito que A Quiet Place: The Road Ahead é um jogo excelente e fugiu da maldição de jogos ruins baseados em filmes, principalmente por se tratar de um gênero bem saturado no qual eu sou fã que são os jogos survival horror, com uma boa quantidade de horas de jogatina, ele é recomendado principalmente para os fãs do filme, mas que também é uma boa pedida para quem não conhece nada desse universo.

Agradecemos a desenvolvedora e publisher de A Quiet Place: The Road Ahead por fazer disponível uma chave do jogo para conteúdo.