Uma Pimenta moedora

Roubaram o tesouro da Pepper, mas não contavam com o seu Grinder de estimação. Em Pepper Grinder, essa piratinha furiosa vai sair perfurando tudo e todos para resgatar o seu tão estimado tesouro. Com sua broca extremamente poderosa, Pepper vai fazer o seu caminho, deixando estrago por onde passar.

Desenvolvido pela Ahr Ech e Publicado pela Devolver Digital (que tem mandado bem nas publicações dos últimos tempos, diga-se de passagem) Pepper Grinder é um jogo de plataforma de ação e aventura muito frenético e que vai te fazer querer ter uma perfuratriz. Com lançamento previsto para o dia 28 de março, o game estará disponível para PC e Nintendo Switch.

O que uma pirata é capaz de fazer pelo seu tesouro?!

Qual é a definição de insanidade mesmo? Pois é… É bom rever isso aí. Insanidade, meus amigos, é roubar o tesouro de uma pirata que tem uma perfuratriz como instrumento de trabalho.

Em Pepper Grinder, a narrativa é direta ao ponto: roubaram a pirata e ela quer o seu tesouro de volta. Para isso, ela vai usar sua fúria e ferramenta para alcançar todos os Narlings, joias e moedas que encontrar pela frente.

Com visuais leves, caricatos e coloridos, o game entrega uma atmosfera que lembra jogos como Celeste, Steamworld Dig, Super Meat Boy e Re:call, mas em um ritmo muito mais frenético, o que torna a experiência super dinâmica.

Além disso, o game apresenta personagens carismáticos e engraçadinhos, que engajam e divertem o tempo todo. Por conta desses elementos, percebo e reforço, a cada dia que passa, quão importante é o cenário indie para a revitalização da indústria.

Apesar dos grandes estúdios produzirem jogos incríveis, com as maiores e melhores mentes do mercado atuando em pról de produtos enormes, percebo que a criatividade tem, cada vez mais, tornado-se estanque, enquanto que nos pequenos estúdios, elas parecem fervilhar.

Pepper Grinder, unindo conceitos pouco factíveis (uma pirata com uma perfuratriz?!) entrega uma experiência que faz todo o sentido (sim, uma pirata com uma perfuratriz!). Isso se dá, sobretudo, pela capacidade de pensar e conceber ideias que podem parecer pouco funcionais, mas que servem ao gameplay de maneira exemplar.

Onde estão os novos encanadores italianos pulando sobre tartarugas malvadas? Cadê os macacos que lançam barris e dão cambalhotas? Pois é… Esse tipo de lógica nós encontramos nos indies, que entenderam que a narrativa, por vezes, não precisa estar presente para contar apenas uma boa história, mas para trazer sentido a uma gameplay que pode ser muito divertida, louca e ainda assim, fazer total sentido.

Pepper Grinder não reinventa a roda, mas nos relembra que a inovação é resultado da experiência, do propósito e, sobretudo, da paixão de quem se propõe a fazer algo novo.

A arte de moer é a arte da precisão

Se você gosta de precisão e velocidade, Pepper Grinder é um prato cheio e todo perfurado. Seria o game um queijo suíço?! Apesar do estúdio Ahr Ech estar situado em Oregon, Nos Estados Unidos, vemos que eles produziram um game que é um verdadeiro canivete suíço. Com elementos de roguelite, plataforma e muita velocidade, o Pepper Grinder serve a diversos públicos sem perder a sua identidade.

Nossa piratinha frenética usa a sua brocadeira para perfurar o solo e praticamente nadar por ele, como uma toupeira super veloz. Enquanto perfura o seu caminho, ela pode coletar parte do seu tesouro roubado e até mesmo encontrar passagens secretas que dão moedas piratas para liberar itens em uma lojinha. Esses itens podem ser upgrades de vida e itens cosméticos interessantes, como tipos de cabelos e figurinhas de vários inimigos. Ah, e os itens vêm naquelas bolinhas transparentes de vending machines encontradas na farmácia do seu bairro. Super legal!

Enquanto o visual é caricato e até mesmo um pouco infantil, não se engane quanto a dificuldade do game. Pepper Grinder é um jogo com dificuldade intermediária, já que apesar de não ter desafios muito complexos, ele exige precisão e atenção a todo momento. Em determinadas regiões, você desejará ter um save point para te fazer respirar um pouco mais aliviado. As vezes você os encontrará, mas às vezes… não. Sinto muito.

Mas para ajudar a superar esses desafios, o game te oferecerá upgrades graduais e divertidos para aumentar a fluidez do jogo. Você vai se pendurar e balançar por aí, vai dar saltos e voar por obstáculos e vai até mesmo atirar nos ladrõezinhos Narlings com uma metralhadora que lembra a do Metal Slug. Todavia, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades e te garanto, não será rara a necessidade de retomar a fase após uma sequência de movimentos equivocados, que costumeiramente exigirão muita precisão para serem executados. Aprenda a bailar com a perfuratriz.

O game conta com fases curtas e chefes interessantes, que vão exigir habilidade, criatividade e foco para enfrentá-los. À primeira vista, eles vão parecer impossíveis, mas com atenção e carinho, você vai mandar eles para o fundo do mar. Acredite no seu potencial!

No mais, Pepper Grinder poderia contar com um modo co-op, para você e um coleguinha saírem por aí perfurando tudo. Seria divertido.

Gráficos temperados

Visualmente falando, Pepper Grinder apresenta um estilo de arte pixelado e leve, como alguns dos jogos que citei anteriormente. Com mapas que parecem ter sido desenhados por crianças, o game constroi essa atmosfera lúdica e despretenciosa, que visa a diversão sobre todas as coisas.

O mesmo acontece com a trilha. Frenética e divertida, ela casa perfeitamente com a temática e contribui bastante para a imersão do jogador. Os efeitos sonoros também são pertinentes e conversam com a experiência, tornando o game coeso e bem acabado.

Por fim, gostaria de cumprimentar a Devolver Digital por estar fomentando jogos como esse e ao mesmo tempo construindo um catálogo com jogos incríveis, que são produto de desenvolvedores apaixonados e com o poder de transformar a indústria de jogos em um lugar onde games e arte voltem a se confundir e se valorizar mutuamente. 

Para essa Review, Pepper Grinder foi jogado no PC, através da Steam.

Agradecemos imensamente à Devolver Digital, que ao fornecer a chave de acesso ao jogo fez esse conteúdo ser possível.