PAPER TRAIL – O dobrar cria, refaz e desfaz | Review
O pano de fundo
Sem entrar em muitos detalhes da narrativa, deixando aqui apenas o contexto em que se passa o jogo: Paper Trail conta a história de Paige, uma menina de 18 anos que sonha em ser astrofísica, que, mesmo tendo conseguido sua vaga numa universidade, seus pais negaram sua vontade pois não conseguiam se imaginar sem ela, ao mesmo tempo que não conseguiam imaginar ela sem eles. Em meio a isso tudo, Paige decide fugir de casa em rumo ao seu sonho, deixando uma carta de despedida aos pais. É a partir disso que o jogo se inicia e você, controlando Paige, se aventura em busca do lugar que habita sua autonomia e sonho, fazendo o que for necessário, inclusive dobrando o espaço tempo – literalmente, isso mesmo que você ouviu –.
Em Paper Trail, a narrativa progride lentamente conforme você vai realizando os puzzles – falaremos com mais detalhes sobre eles mais a frente – e ela passa poucos detalhes dos personagens. Pelo que entendi, a história não se desenvolve muito de forma ‘verbal’, ou seja, por textos e diálogos, mas sim de forma conceitual e sensitiva, demonstrando por meio da arte audiovisual e das dificuldades dos quebra-cabeças como que se desenvolveu a experiência de Paige. No geral, apesar de perceber que os personagens não ganham muito peso no decorrer do game, sinto que o jogo se trata de mostrar a vivência de Paige e os desafios e obstáculos encontrados em sua mudança para a universidade, não tendo nenhuma perda em manter os personagens superficiais.
O origami espaço-temporal
Um detalhe que nos é contado pela própria Paige é o fato de ela ter a habilidade de fazer origamis, aquelas dobraduras em papel que tomam formato e o torna arte. Entretanto, outra informação, que talvez seja um pouco mais importante, é que, além de dobrar papeis, a garota também consegue dobrar o espaço tempo, assim como faz em seus origamis.
Esse é um conceito que quando aplicado ao design de mundo e somado à forma como os quebra-cabeças foram desenvolvidos, gera um resultado muito inovador, divertido e satisfatório – a palavra satisfatória entra como um ótimo adjetivo para caracterizar o sentimento de quando você realiza uma dobradura no mapa e consegue progredir no game –. Vou tentar descrever em texto e peço que se utilizem das imagens dispostas durante essa review para tentar entender o mecanismo do game.
Então, em Paper Trail, visualizamos o mundo como se fossem mapas dispostos em cima de uma mesa, literalmente. Assim, com a habilidade de Paige de dobrar o espaço-tempo, conseguimos realizar dobraduras no mapa, de fato, possibilitando recriar nossas possibilidades de se movimentar pelo espaço. Dessa maneira, em locais que não possuem passagem ou em qualquer obstáculo que o atrapalhe, você consegue dobrar, reinventar e criar uma nova possibilidade para chegar ao seu destino.
É uma mecânica completamente inovadora que sempre que pego para jogar Paper Trail acabo ficando surpreso novamente. Além disso, quando somamos isso a qualidade de cada mapa e/ou a arte visual, fica uma experiência encantadora.
Mapas encantadores
A arte visual do game é muito linda, suas cores são vivas e nos causam sentimentos. O design dos personagens, apesar de serem muito simples e não apresentarem nem expressão facial, é também lindo e te promove sentimentos com base em suas colorações. Os mapas, mesmo se passando num mesmo “pano de fundo” são únicos e criativos e, quando estamos falando de mapas que se tratam de fases diferentes, são riquíssimos em detalhes, cores e vivacidade, sendo muito diferentes um dos outros.
As animações são bem mínimas em Paper Trail, apesar disso, são o suficiente para a proposta que o game tem – que é mostrar bem as dobraduras dos mapas –. Como disse anteriormente, não é um jogo muito enérgico e as animações contribuem para tal...
Trilhas sonoras extraordinárias
Tudo nesse jogo que se pode encarar como artístico é muito bem conceituado e produzido. Existe jogos que se assemelham muito a esportes e existe jogos como Paper Trail, que são arte, em que o intuito é se expressar e passar uma mensagem – e não falo como se um fosse melhor com o outro, são só os focos que cada game tem e eu amo jogar ambos os tipos de jogos, cada um tem seu momento de brilhar... –.
No caso desse jogo, a trilha sonora, sendo composição original, além de criativa, é encantadora e encaixa no que o jogo propõe de maneira incrível. As músicas são emocionais, te imergindo nos lindos mapas e corroborando com as emoções que as cores promovem, e relaxantes, deixando sua experiência com os quebra-cabeças mais agradável, também.
Aproveitando que estamos falando sobre a trilha sonora do jogo, gostaria de falar também sobre os efeitos sonoros e as “dublagens” dos personagens. Os efeitos sonoros, assim como as animações, são bem simples, afinal, não faria sentido ter inúmeros efeitos sonoros sem efeitos visuais para acompanhá-los. Mas, mais uma vez, não é um ponto que faz falta no game.
Por fim, falando sobre a voz dos personagens: os bonecos murmuram, assim como em outros jogos que já vimos anteriormente – o maior exemplo é o The Sims, em que os sims tem a própria língua –. Apesar de não ser um conceito novo – não dá para se criar tudo também... –, o tom e a forma como os personagens falam em Paper Trail traz uma ludicidade e vibe relaxante que não sei explicar muito bem de onde vem. Assim, as “falas” dos personagens acabam por amarrar, em conjunto com todos os outros aspectos artísticos do jogo, um laço simples, porém criativo, lindo e agradável.
O jogo é muito inovador em diversos aspectos, desde as mecânicas mais básicas até como sua progressão se desenvolve, a arte visual, a trilha sonora e o design de mundo, também... É um jogo muito rico e conceitual! Mas, apesar de eu ter amado o jogo, não é um game que eu recomendaria para todos. Muitos jogadores possuem gostos voltados mais para a ação e uma gameplay mais enérgica. Para esses, não recomendaria Paper Trail. Entretanto, para aqueles que buscam uma experiência nova ou ampliar um pouco sua visão de mundo, aprender novas coisas ou simplesmente apreciar uma boa arte, com toda certeza do mundo é um jogo a se experimentar.
Agradecemos a Newfangled por disponibilizar uma chave do jogo para que esse conteúdo seja possível.
Nota
Sobre o jogo
Paper Trail
- Data de lançamento:
- Desenvolvedora(s):
- Publicadora(s):
- Modo(s) de Jogo: Single player
- Plataforma(s): PC (Microsoft Windows)
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