Last Train Home – Contra tudo e contra todos | Review

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Last Train Home é um jogo de estratégia em tempo real (real-time strategy, RTS) situado na Guerra Civil Russa, logo após a Primeira Grande Guerra, em que você controla um trem povoado de um grupo paramilitar tcheco que tem a trabalhosa missão de voltar para casa em meio a uma guerra num território hostil. O game foi desenvolvido pela Ashborne Games e publicado pela THQ Nordic no dia 28 de novembro para a plataforma Windows (PC).
A narrativa e a imersão te enlaçam...

Em Last Train Home nós tomamos comando de um trem repleto de soldados de um grupo militar tcheco que buscam retornar para sua casa, República Tcheca, enquanto o inverno russo ainda não retorna. Entretanto, como se já não bastasse os suprimentos limitados, a repressão dos bolcheviques (Exército Vermelho) no território russo passa a ser um empecilho também. É em meio a esse caos que você deve liderar os homens que te apoiam, manter o trem funcionando e conseguir sair vivo de dentro do território inimigo.



Dado o contexto em que se passa o game, gostaria de começar a review falando sobre a narrativa de Last Train Home e como que ela surpreende e te conquista. Geralmente, em jogos do gênero estratégia e construção/gerenciamento de base, com elementos de administração de recurso, temos narrativas não tão desenvolvidas que tendem a não ser muita coisa além do contexto necessário para a sua civilização ou grupo estarem naquela situação ou para haver guerras. Entretanto, em Last Train Home, os desenvolvedores criaram um enredo cativante e tenso que, não só encaixa perfeitamente com a jogabilidade do jogo, como também é extremamente fluido e dinâmico. 

Diferentemente de outros RTS em que você cria peões e os manda para a guerra, direto para a morte, sem nem saber o nome deles, Last Train Home traz elementos que te permite criar vínculos com os soldados que você lidera, deixando tudo muito mais imersivo. Cada personagem possui uma história, traços de personalidade – então, nos diálogos, diferentes bonecos falam coisas discrepantes e agregam de forma diferente para a história –, algumas qualidades, defeitos e diferentes atributos... Tudo isso somado às diferentes classes e profissões faz com que o desenvolvimento e a construção de cada personagem sejam únicos – no fim, você não vai querer perder o soldado que você está jogando e upando há 12 horas... então é melhor dar a vida e traçar as estratégias com cuidado –.



Mais que isso, ainda no contexto de imersão, o enredo é conduzido por um fluxo de diferentes elementos: em um momento é uma cena cinematográfica com atores reais, em outro é um diálogo em texto entre os seus fiéis soldados em que você pode tomar decisões que afetam o curso da história e em seguida é uma interação ingame dentro da guerra mesmo. As informações vão sendo trazidas para você em todo o instante e em diversos momentos do game, mantendo o progresso de história constante enquanto o tempo de conteúdo jogável é extremamente alto.

Por fim, para encerrarmos quanto à narrativa e imersão do game, é fundamental citar o quanto os desenvolvedores brilharam trazendo dublagem de áudio em tcheco e russo. Dá uma riqueza para o jogo e, mais uma vez, aumenta a imersão da obra. No geral, Last Train Home faz um trabalho ótimo mantendo a dinamicidade e a imersão do enredo e, ainda assim, deixando-o imprevisível. No fim, você não segue com o jogo apenas pela jogabilidade estratégica ou pela complexidade da administração, mas também querendo desvendar o que vai acontecer.



Combate, administração de recursos e soldados e desenvolvimento do trem

Saindo um pouco do contexto e da história de Last Train Home, agora gostaria de adentrar para a parte mais prática e jogável do jogo, iniciando pelo combate. Apesar de ser a parte que menos traz elementos novos, o combate é extremamente bem equilibrado, de modo que todas as classes de soldado se fazem importantes e necessárias de se utilizar, e divertido. 

Apesar da física dos covers para os soldados não ser das melhores – possui muitos lugares no mapa que deveriam ser considerados bons esconderijos/defesas, mas que sequer são reconhecidas como tal – e me incomodar um pouco, todo o resto em torno do combate de Last Train Home é no mínimo sólido: como já disse, as classes e as diferentes habilidades que cada uma tem são muito balanceadas e cada um tem seu peso importante no esquadrão; as diferentes armas e seus danos também são muito equilibrados; a qualidade da inteligência artificial torna o combate mais desafiador.



Quanto à fase de gerenciamento, onde você administra seu trem, soldados e recursos, diria que é a parte em que Last Train Home mais inova, traz conceitos novos e os misturam de forma majestosa com as jogabilidades já tradicionais em jogos do gênero: uma base móvel (trem à vapor) que deve ser não só mantida, mas também construída e desenvolvida, em meio a escassez de recursos; soldados que devem ser alimentados e bem cuidados para que consigam potencializar e manter sua moral alta; diferentes profissões a serem ocupadas dentro do trem; diferentes classes de combate; expedições – são missões não-jogáveis que são fundamentais para adquirir recursos – a serem feitas pelos soldados; confrontos com o Exército Vermelho... Inúmeras mecânicas que se harmonizam muito bem e deixa o jogo numa complexidade cativante e, ainda assim, não tão difícil a ponto de ser muito maçante.

Confesso que, no início, a parte de administrar os recursos e os soldados pode ser um pouco de informação demais, entretanto, nada que um pouco de paciência e uma horinha de qualidade não te permita entender o que está acontecendo. 

Audiovisual

Iniciando a última parte da review, gostaria de falar um pouco sobre a arte audiovisual do game. Visualmente falando, Last Train Home acerta muito, tanto ao construir uma estética, ao meu ver, única, como trazendo visuais muito agradáveis em HUDs, nas splash arts, no gráfico ou no design de mapa. 



Às vezes, dependendo de quantas missões você está realizando e de quanta coisa está acontecendo no combate, sinto que a HUD acaba ficando um pouco poluída. Com exceção disso, não tenho reclamações da parte visual do game. Os efeitos visuais, as animações, texturas e o mapa de gerenciamento de recurso, tudo é muito visualmente agradável e harmoniza de forma sólida ao restante do jogo.

Quanto ao áudio, a trilha sonora segue na medida certa também, trazendo a dose épica que um bom jogo de guerra e/ou histórico deve ter. Os efeitos sonoros também não ficam atrás e se conectam muito bem com os efeitos visuais, te trazendo mais próximo do cenário caótico da guerra. Além disso, os personagens, na grande maioria, são todos dublados e, como já disse anteriormente, estão nas línguas originais do evento histórico em que o jogo foi inspirado. Diante isso, fica claro que o trabalho realizado pelos desenvolvedores na esfera sonora de Last Train Home é também de altíssima qualidade e, com isso, possibilita a criação de uma ambientação digna de guerra.

Por fim, pode-se afirmar que Last Train Home tem pouquíssimas fraquezas ou pontos que são mal explorados pelos desenvolvedores. Pelo contrário, o jogo é um uma muralha de solidez e cheio de qualidades, unindo o que os RTS tradicionais tinham de pontos positivos com inúmeras novas mecânicas de administração de recursos. 

Para essa review, o jogo foi experienciado no PC, usando a plataforma Steam. Agradecemos à THQ Nordic pela disponibilização da chave de acesso.
 
Last Train Home – Contra tudo e contra todos | Review
Nota
89
Excelente

Last Train Home é um jogo de estratégia e gerenciamento de recursos que apresenta poucas fraquezas, combinando elementos tradicionais de RTS com novas mecânicas de administração de recursos, oferecendo uma experiência única e envolvente. Em resumo, para os entusiastas de jogos de estratégia Last Train Home é uma escolha certeira, oferecendo uma experiência sólida e envolvente.

Pontuação

  • Jogabilidade
    90
  • Gráficos
    88
  • Áudio
    92
  • História
    90
  • Controles
    85
Critérios da pontuação
Sobre o autor
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fefemotta
Redator
Faço psicologia, estudo música como hobby, jogo desde os meus quatro aninhos (Tibia e CS) e gosto de vivenciar novas experiências!
Sobre o jogo
Last Train Home
Last Train Home

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