Children of the Sun - a melancolia e arrogância por trás do Culto | Review
Desenvolvido por René Rother, com publicação da Devolver Digital, o game foi lançado no dia 9 de abril de 2024.
Bizarro
O jogo se inicia com uma pequena cutscene, que já nos mostra a horripilante história que vem por aí. O estilo de arte foi a primeira coisa em que reparei, sendo muito marcante e expressivo, mas que não nos conta nada de primeira.
Quando de fato comecei a jogar, pensei: “que loucura é essa aqui?”. Basicamente, em uma tela que parecia estar me mostrando as mecânicas básicas do jogo (para que eu treinasse e me acostumasse), na verdade me é mostrado como correr, atirar e “instalar” um vírus na cabeça das pessoas. O que está acontecendo aqui?
Comecei a querer entender qual era o propósito desse título, e se ele me deixaria mais ou menos intrigada com o passar do tempo. Por mais que seja uma ideia doida, continuei pela curiosidade e para descobrir o que eu estava fazendo e o que deveria fazer para chegar ao final dele.
Por isso, não li ou vi nada sobre antes de iniciar minha aventura, e digo que realmente fiquei impressionada. Adoro os jogos da Devolver, e todos os que pude experienciar me ensinaram alguma coisa pra vida, desde jogos que não me dizem nada diretamente até jogos que deixam tudo isso mais claro do que nunca. Será que Children of the Sun trará uma lição para mim também?
Lar Partido
Como diversos títulos da Devolver, como um padrão, os jogos não possuem falas. São muito mais visuais e sensitivos, com a intenção de fazerem você sentir a mensagem ao invés de apenas ler e saber na hora do que se trata.
É algo mais focado no avanço da história, em que você descobre de uma vez o objetivo do jogo. Em Children of the Sun isso é até mais intenso. Pelo que pude perceber, a narrativa gira em torno de uma garota que por algum motivo quer matar pessoas com apenas um tiro. Não sabemos o motivo de sua raiva, apenas vemos isso pelas situações traumáticas que ela passou e como está lidando com tudo.
Por meio de cutscenes, e ao completar fases, momentos pelos quais a protagonista passou são mostrados, com o objetivo de “justificar” o seu comportamento. Há algumas situações pesadas, que até dão uma sensação ruim só de imaginar, e parece ser por conta disso que ela age como age.
De certa forma, é sim uma desculpa para ela querer matar essas pessoas dessa forma, o que me faz pensar na inocência desse povo e no que eles podem ter feito para “merecerem” isso. Não é como se fosse apenas matar, a protagonista parece querer que eles paguem pelo que fizeram e passem pelo que ela passou.
No início, nossa mecânica é bastante básica: andar, correr, mirar e atirar. Com o passar dos puzzles, tudo isso é facilitado, mas ainda sim bastante desafiador. É um tipo de quebra-cabeça que eu nunca havia jogado antes, que eu até demorei para pegar o jeito por conta da dificuldade (e por ter que pensar em cada passo para executar as tarefas).
Tudo começa quando a garota anda por aí à procura dessa “seita” de pessoas. Quando ela encontra uma delas (que é fácil de visualizar, já que brilham em dourado), ela precisa parar em um local estratégico, mirar e só aí atirar (na cabeça, de preferência, e apenas com um tiro).
A partir daí, quando ela aperta o gatilho, é como se nossa câmera (e nós mesmos) virássemos a bala do rifle. Sim, é bastante confuso! Mas é exatamente isso, e, ao alcançarmos a cabeça do personagem, aquele vira nosso “checkpoint”, sendo preciso acertar outros que estejam por perto para acabar a fase.
Tudo isso, com apenas um tiro para cada pessoa e tendo que pensar muito bem em quem atirar por ter o checkpoint mudado. Muitas vezes, você pode disparar em uma pessoa e ela estar muito próxima de um objeto ou cenário, e aí, por conta da nova visão da câmera, fica muito ruim de enxergar e sem condição de terminar o puzzle.
De fato, é bastante legal ter que pensar em cada coisa para que aconteça como o planejado, e isso não muda no decorrer do jogo. Achei interessante o jeito dos quebra-cabeças, mesmo que seja difícil de início, e continuei me divertindo bastante com o game, por mais bizarro que seja.
Mas, algo que começou a me incomodar um pouco foi o estilo repetitivo, de sempre fazer a mesma coisa. Por mais que surjam novidades, como habilidades especiais do rifle e novos cultistas (que possuem escudos, armaduras e poderes psíquicos), o jogo tem o mesmo objetivo toda fase e gira em torno disso.
Um ponto positivo que eu gostei bastante foi poder utilizar do ambiente em volta da garota para nos beneficiar. Como o checkpoint muda a cada bala atingida (considerando que ela ainda está em movimento e a fase não tenha acabado), podemos buscar por animais, explosivos e objetos para desviar a bala para um local melhor, facilitando a mira na cabeça dos alvos.
Queima de arquivo
A garota, protagonista, teve a vida transformada em um inferno por conta do Culto. O Culto prometeu às famílias uma vida melhor, longe do caos do mundo moderno, e mentiu para todos. Por conta disso, a garota quer se vingar dessa seita levando todos junto com ela.
Com um rifle, ela busca por essas pessoas para acabar com suas vidas, principalmente pelo Líder do Culto. E, com essa temática melancólica, o jogo segue sempre mostrando uma paleta de cores extremamente escuras e chamativas, com desenhos fortes e expressivos e animações mais marcantes ainda.
Eu diria que é um jogo um tanto quanto desconfortável no começo, por não sabermos direito a sua narrativa e os motivos da protagonista. Conforme nos adaptamos à gameplay e à obra, vai ficando mais claro o que está acontecendo ali e o porquê desse horror todo.
Com isso, a trilha sonora do jogo e os sons de fundo foram essenciais para manter essa atmosfera. Eu me senti quase que o tempo todo tensa, excluindo os momentos em que estava concentrada tentando lembrar onde estavam os outros participantes do Culto, para conseguir concluir a fase com sucesso.
Além de que os sons são extremamente singulares, fazendo com que cada pessoa, objeto ou animal atingido seja significante. Foi algo que eu reparei bastante, até porque utilizei muitos “atalhos”, como os carros que pegavam fogo ao serem atingidos, e aquele som ficava por bons segundos na minha cabeça.
Levando em conta que o jogo pede como requisitos mínimos 8 GB de RAM, processador Intel Core i5-2500 e placa de vídeo GTX 760 e eu joguei em um PC com 16 GB de RAM, processador Intel Core i5-9400F e placa de vídeo GTX 1050 Ti, não sofri nenhum bug ou glitch, o jogo rodou perfeitamente.
Agradecemos à Devolver Digital pela key de Childen of the Sun para PC.
Nota
Sobre o jogo
Children of the Sun
- Data de lançamento:
- Desenvolvedora(s):
- Publicadora(s):
- Modo(s) de Jogo: Single player
- Plataforma(s): PC (Microsoft Windows)
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