Gostaria de agradecer à Dear Villagers por nos enviar Caravan SandWitch antes mesmo do lançamento e nos possibilitar que esse conteúdo fosse criado!

Arte e Imersão: A Expressividade em Caravan SandWitch

Dando início em nossa jornada, embarcamos no jogo como Sauge, uma garota que acaba de receber uma mensagem de alerta enviado da nave de sua irmã que havia desaparecido há alguns anos em seu planeta de origem. Abalada, surpresa e curiosa, Sauge decide pegar a próxima embarcação que sairia de sua estação espacial rumo a Cigalo, a comunidade onde nascera. E, assim, se inicia nossa aventura em Caravan SandWitch.
 

Inicialmente, já quero comentar sobre a parte artística do jogo que é absurdamente linda. Quando falamos de arte, estamos falando de formas de expressão de maneiras diversas e criativas. Nesse sentido, tem muitos games que pecam, seja por falta de investimento ou qualquer outro motivo, em estabelecer um sentido e conseguir expressar ele por meio da estética audiovisual do game. É por isso que muitas vezes temos tantos jogos de tiro em primeira pessoa com gráficos realistas, mas que carecem de identidade. Não é o caso de Caravan SandWitch, em que tanto a arte visual quanto sonora não só te imerge no universo do jogo, como deixa implícito diversas mensagens.

Antes de falarmos um pouco mais sobre a questão artística, acredito que seria importante descrever um pouco melhor sobre a lore do jogo. Um planeta verde e rico em vida, assim como a nossa Terra, é levado a desertificação devido às atividades humanas e à superexploração, restando apenas alguns humanos remanescentes (a maioria migrou para outro planeta), alguns robôs inutilizados após a exploração do planeta e uma antiga espécie de aborígenes, os Reinetos. Nesse cenário, os sobreviventes e residentes do planeta tentam conviver em harmonia e paz em Cigalo em meio a esse ambiente tão hostil.

Esclarecido melhor a ambientação do jogo, é possível perceber com clareza o caminho que o jogo escolhe para a sua estética artística e a mensagem que eles querem passar: a harmonia entre povos, o cuidado para com o planeta e o amor entre os seres é o sentido que possibilita um mundo sustentável e equilibrado. A arte de Caravan SandWitch expressa isso muito bem, seja no design de personagens super diversificados e inclusivos, ou na construção de um mundo lindo que, com a ação humana, se tornou ruína. O jogo te força a olhar para o universo com um brilho no olhar e minimamente repensar se é algo que é digno de ruina.
 

Agora, falando sobre os gráficos e o áudio do jogo, mas acerca da parte mais técnica, Caravan SandWitch manda muito bem em tudo também. Afinal, não adianta ser criativo e ter uma conceitualização do que fará sem o domínio da tecnologia e da técnica. Neste caso, eles casam muito bem ambos e o resultado são cenários lindos, personagens bem identitários, trilhas sonoras muito bonitas e agradáveis e efeitos sonoros que encaixam perfeitamente no game, também.

Explorando um Mundo Sem Combate no Seu Ritmo

Certo, mas e a gameplay, o que esperar de Caravan SandWitch? Bom, o game se passa num mundo em que a estrutura social é primitiva e você está tentando ajudar a todos para se manterem em harmonia porque quer. Então, o ritmo do jogo quem dita é você. A vida neste planeta é tranquila, tirando suas questões climáticas: não tem combate – mal tem gente no planeta para poder se combater – e não tem correria. Só você possui veículo dentro da comunidade, então você é a única que vai poder dar rolê pelo vasto mundo. Resumidamente, é você, sua van e o vasto mundo repleto de ruínas e destroços deixados pela humanidade a espera de serem explorados por você.
 

Não vamos esquecer do porquê Sauge voltou a Cigalo: o mistério de sua irmã desaparecida. É nesse contexto que você pega sua van e se aventura pelo mundo a fim de conseguir coletar alguns recursos e sucatas tecnológicas que permitirão que você construa equipamentos novos para a sua van e que serão úteis na busca da garota sumida. Então você invade ruínas, estabelecimentos abandonados, faz alguns parkours e tudo isso num cenário bonito e tranquilo.

No geral, é uma experiência muito tranquila e agradável. Se você busca por uma gameplay com um pouco mais de ação, Caravan SandWitch não é para você. Ao contrário, se você gosta de um mundo aberto e curte uma exploração, com um mapa cheio de loot te esperando – eu mesmo sou zé lootinho e não consigo deixar de explorar tudo se eu souber que posso estar deixando itens para trás –, este game com certeza vai ser uma experiência gostosa e edificante pra você. Todas as vezes que joguei o game foi divertido e tranquilo. Não é um jogo que consigo ficar inúmeras horas vidrado, mas se for jogado com calma, apreciando cada paisagem e explorando aos pouquinhos, vem a ser uma ótima vivência.

Dentro da minha jogatina tranquila em Caravan SandWitch, teve apenas algumas coisinhas que as vezes me incomodaram um pouco. A primeira delas, foi o comando de retornar automaticamente para a van (útil para quando você está longe e não quer ter que voltar andando), que por padrão vem como ‘segurar o botão R’, que é a mesma tecla que você aperta para entrar na van caso esteja perto dela. Primeiro, apertar R para entrar em carro foi muito estranho, pois estou acostumado com a grandessíssima maioria dos jogos com esse comando sendo ‘E’ ou no máximo a tecla ‘F’ – mas isso não me incomodou realmente, só era confuso algumas vezes –. Segundo, tinha vezes que eu esbarrava no ‘R’ e já ativava o loading para poder voltar à van e isso me encheu o saco, pois ocorreu várias vezes. 

A outra coisa que me ocorria, era que o parkour muitas vezes não encaixava bem e se tornava difícil pelo hitbox dos objetos do mundo. Também não foi nada que me atravancou em algum momento do game, nem me atrapalhou muito a chegar nos meus objetivos, mas foi uma questão recorrente que em certo momento me fez focar na movimentação, sendo que claramente era pra ser movimentos muito simples.
 

No geral, as questões de controle e de hitbox comentadas provavelmente serão corrigidas ou antes do lançamento oficial ou durante as primeiras atualizações pós lançamento, pois são problemáticas corriqueiras de jogos que sempre surgem e sempre são corrigidas.

Por fim, Caravan SandWitch nos convida a uma jornada contemplativa e emocionante por um planeta que foi devastado pela ação humana e agora necessita de um novo equilíbrio. A história de Sauge, em busca de sua irmã desaparecida, serve como fio condutor para uma narrativa rica em simbolismos e reflexões sobre a natureza, a comunidade e a importância de preservar o meio ambiente. 

A estética visual do jogo é simplesmente deslumbrante, com paisagens exuberantes e personagens carismáticos que nos transportam para um universo único e memorável. A trilha sonora, por sua vez, complementa a atmosfera do jogo, criando uma imersão ainda mais profunda. 

A jogabilidade, embora mais focada na exploração e na interação com o ambiente, oferece uma experiência relaxante e gratificante. Apesar de algumas pequenas falhas na mecânica, como os comandos e o parkour - coisas que provavelmente serão corrigidas no lançamento oficial -, Caravan SandWitch se destaca como um título que nos convida a desacelerar, apreciar a beleza do mundo virtual e refletir sobre nosso próprio papel no planeta. É um jogo que celebra a diversidade, a inclusão e a importância de cuidarmos uns dos outros e do nosso lar.

Importante mencionar que para a produção desta review, Caravan SandWitch foi jogado na plataforma Windows (PC), pela Steam, durante o acesso antecipado!