A confusa jornada de Shines Over: The Damned | Review
Uma jornada em busca de algo
A história de Shines Over: The Damned pode ser descrita como curiosa, definitivamente, pois em nenhum momento da aventura recebemos algum tipo de pista ou informação do que nosso personagem está fazendo. Para não parecer que estou sendo rude demais, antes do gameplay começar, uma mensagem sobre sacrifício é apresentada, nos fazendo entender que se trata de redenção, como se estivéssemos no limbo procurando pelo paraíso, mas é preciso passar por algumas provações antes disso. Pelo menos essa foi minha interpretação.
Logo no início já fica claro que a aventura será solitária, se não fosse pelas aparições de um cão pastor alemão, que pode ser considerado uma espécie de guia espiritual para nosso personagem. Até que no começo ele parece ser o locutor da nossa misteriosa busca, mas logo percebemos que não é bem assim, porque ele simplesmente só aparece no caminho, sem nenhum tipo de interação, deixando tudo ainda mais desconexo.
Não temos só a presença do animal, mas a imagem de uma mulher aparece em diversos flashbacks, o que deixa claro ter algum tipo de envolvimento com o personagem. Mas isso é algo que fica apenas na mossa imaginação, pois não temos mais nenhum tipo de interação além de memórias vagas e sem sentido.
Como se isso tudo já não fosse o suficiente, Shines Over: The Damned também conta com espíritos, espectros, fantasmas, assombrações...ou algo gênero, que aparecem do nada, mas logo fica claro quando as criaturas aparecem e o fator de jump scare logo perde a graça. Talvez essa nem seja a real intenção do jogo.
De fato, é até difícil afirmar se realmente o jogo possui uma história de fundo, pois aqui tudo ocorre do nada e os acontecimentos e aparições não fazem nenhum sentido, não possuem uma conexão ou explicação plausível. A falta de uma linha narrativa complica bastante, mesmo que o game pareça querer explicar o motivo dessa busca, se é que isso existe.
Confesso que não sou muito fã de itens coletáveis, mas certamente que em Shines Over: The Damned eles poderiam vir muito bem a calhar para oferecer detalhes plausíveis do porquê estamos nesse limbo.
Frustração em forma de gameplay
Como se não bastasse a história não fazer muito sentido quando juntamos os elementos da jornada, o gameplay não favorece nem um pouco. Aqui estamos falando de um walking simulator com elementos de puzzle, mas que não só apresentam um pingo de criatividade, mas como a mecânica falha miseravelmente.
Com o objetivo de avançar pelos cenários, devemos solucionar quebra-cabeças bem simples, como pular em plataformas, apertar pedras na ordem correta e coletar orbes para concluir o nível. O grande problema é que a imprecisão dos pulos é algo que definitivamente me fez cogitar largar o jogo em diversos momentos. Foram inúmeras vezes que morri por errar um salto comum. Veja bem, não estou falando de algo minucioso, mas sim de plataformas simples, que basta saltar uma vez.
Como mencionado anteriormente, também existe o desafio de selecionar os elementos na ordem correta, obedecendo ao que está sendo mostrado. Parece óbvio, mas talvez por algum bug do jogo, não desista se apertá-las corretamente, porque mesmo o game reiniciando o desafio, você provavelmente estava correto. A sensação é que lançaram o jogo no pior momento de desenvolvimento possível.
Você pode estar se perguntando se as tais orbes funcionam como um tipo de coletável, mas não. Você deve coletá-las, mas sem nenhum motivo aparente. As mesmas estão posicionadas em lugares que ao conseguir alcançá-las, a morte é certa. Mas não se preocupe, pois ela não será perdida.
Monstros sem sentido
Se a história é completamente sem sentido e o gameplay não ajuda, certamente o quesito terror é ponto forte do game. Resposta errada. Se Shines Over: The Damned denomina-se como um jogo de terror, ele falha com muita classe.
O game não consegue construir nenhum tipo de tensão durante as quase 2h30 para terminá-lo. De tempos em tempos, algumas criaturas pulam cima do personagem e é necessário apertar os gatilhos R1+L1, exatamente como um QTE (Quick Time Event), para que ele desapareça. Mas como já mencionado anteriormente, a probabilidade de morrer por teoricamente não ter apertado os botões rápido o suficiente é enorme.
O susto que o jogo proporciona é mais comum no primeiro flashback, mas que logo fica batido o momento que ele irá acontecer novamente. Claro que o surgimento dos monstros na sua frente até poderia causar uma tensão, mas se torna algo apenas irritante com o passar do tempo.
Gráficos e trilha sonora de centavos
A essa altura da análise, você certamente não está esperando por gráficos e trilha sonora memoráveis, certo? Ainda bem, pois mais uma vez o jogo não entrega nada memorável ou que tenha uma relevância para ser considerado um jogo de terror.
A ambientação fica resumida em apenas três tipos de cenários (vilas, cavernas e lago), mas que mesmo assim conseguem ser extremamente parecidos, contando com itens semelhantes em ambos, com muita pobreza em detalhes e problemas de renderização.
Por ser nomeado como um jogo de terror, poderíamos esperar uma trilha mais ambiente, riando momentos de tensão na hora certa, mas em Shines Over: The Damned a música praticamente não existe, deixando para se fazer presente nos saltos das criaturas, mas que nem assim causam alguma impressão positiva.
Sem brilho no horizonte
Shines Over: The Damned prometia ser um jogo voltado ao terror, mas que não utiliza nenhum tipo de arma e convida o jogador para ir rumo ao desconhecido em uma jornada de descoberta. Certamente que ele cumpre de forma positiva o primeiro quesito (das armas), mas que não consegue em nenhum momento engajar.
A falta de desinteresse só não foi maior pelo fato das conquistas acontecerem de forma natural, sem nenhum desafio (apenas o de paciência), e o tempo para zerar ser curto. A sensação que fica é que é um jogo muito cru, que precisava passar por uma reformulação para conseguir entregar 5% do que é mostrado em sua descrição.
Fica a sensação do estúdio ter tentado alcançar um patamar maior do que ele realmente pode entregar no momento. É triste falar que o único ponto positivo é a curta duração, mas que mesmo assim a imprecisão dos controles quase me fez largá-lo diversas vezes.
Shines Over: The Damned foi jogado em um PS5, gentilmente cedido pelo estúdio.
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