Um clássico trazido de volta a vida

A compilação de Legacy of Kain: Soul Reaver traz dois jogos single-player, sendo ambos RPGs, trazendo, ainda, uma experiência clássica com algumas melhorias em relação aos títulos originais, lançados há aproximadamente 25 anos atrás para PlayStation 1, Dream Cast e PC.

Trata-se de dois jogos focados em campanhas complementares, com diversos puzzles, combate com mecânicas que envolvem o ambiente, além de cenários temáticos, que, apesar de ter recebido melhorias consideráveis em relação aos títulos originais, ainda entrega uma experiência bem rústica do que é um jogo clássico, sendo o seu maior destaque as melhorias gráficas trazidas.
 

Seguindo os passos do seu antecessor

Legacy of Kain: Soul Reaver I & II Remastered traz uma história muito interessante, até mesmo para os padrões atuais de jogos cinemáticos, apesar de ser um jogo “castigado pelo tempo” no sentido de quão bem envelheceu, a história ainda é bem legal, controlamos  Raziel, um vampiro que foi punido e jogado no submundo por Kain, de quem era discípulo, onde permaneceu por séculos até ser ressuscitado pelo The Elder God, ganhando a habilidade de transitar entre o reino Espectral e Material e recebendo a missão de se tornar um Soul Reaver e eliminar Kain.

Dito isso, a história se desenvolve de maneira linear, contando a história por meio de cinemáticas e diálogos, possuindo diversas áreas para serem exploradas, por meio de glifos e, apesar da idade, possui uma ambientação bem imersiva, com construções góticas e monstros.

Com esse contexto, vamos avançando, resolvendo puzzles, rendendo uma campanha consideravelmente longa, contando os dois jogos dentro do pacote e consideravelmente bem intensa, rendendo boas horas de entretenimento, imersão e muita frustração.



O combate preso no tempo

Como mencionei, o jogo buscou agregar aspectos que tragam uma melhor qualidade de vida para o jogador, dessa maneira, como ponto mais evidente é o suporte para controles, na versão de PC, além de melhorias na interface e menus.

Porém, o combate do jogo é tranquilamente seu ponto mais negativo, tendo ficado parado 25 anos no passado, já que é praticamente igual ao título original, é uma mistura de beat’n’up e hack and slash, que no começo é muito estranho de se acostumar.

É importante ressaltar que a dificuldade do jogo é relativa, players acostumados com jogos clássicos e com mecânicas arcaicas, por assim dizer, terão uma curva de aprendizado bem mais tranquila do que jogadores como eu, durante minha experiência, tudo foi bem punitivo, não no sentido de morrer constantemente, mas para se acostumar com toda a personalidade apresentada.

Há um ponto do combate que eu achei muito interessante, inimigos podem ser abatidos utilizando ferramentas do cenário, como fogo e pedras, muito tem a ver com a história do universo, já que inimigos muitas vezes são vampíricos, fogo e luz os ferem de maneira letal, então muitas vezes o combate direto, que é bem precário, pode ser evitado apenas por levar os inimigos para pontos específicos e deixar o próprio jogo cuidar deles.

O universo de Legacy of Kain: Soul Reaver I & II Remastered definitivamente não é novo no mundo dos games, o que traz de volta diversos fãs para a franquia e acaba apresentando essa obra para as novas gerações, o que pude perceber, é que a jogabilidade do jogo me lembrou muito os primeiros Tomb Raider, já que a receita é basicamente a mesma, é perceptível que houve esforços para modernizar a experiência dos jogadores, como o suporte para controle que citei anteriormente, capacidade de jogar em widescreen, melhoras gráficas que não descartam a essência que o jogo tem, mas, infelizmente, se limitando a isso, já que o restante é praticamente idêntico. 



Um lançamento que pode passar despercebido pela grande mídia

Jogar Legacy of Kain: Soul Reaver I & II Remastered foi uma experiência interessante, jogos assim possuem uma capacidade muito grande de imersão, principalmente pelo storytelling, que realmente é um ponto singular, além da trilha sonora adaptativa, que já estava presente desde seu lançamento, praticamente tudo nesse jogo para mim foi prazeroso de se experienciar, com exceção do combate, como já mencionei várias vezes nessa review.

O jogo possui uma direção de arte surpreendente, apesar do estilo gráfico ter sido mantido, não é um choque tão grande de gerações assim, dá para se encantar da mesma forma, afinal, gráficos são apenas complementos do que fazem um jogo ser bom.

O jogo, em geral, não é fácil de se jogar, sinceramente, as mecânicas e gráficos não tão modernos podem afastar diversos jogadores, principalmente por se apoiar bastante em como a história é contada, apesar de possuir tutoriais bem trabalhados, todos os aspectos do jogo te punem, mas não o suficiente para te fazer abandonar, um ponto interessante que observei é o que os jogos possuem sistemas de salvamento diferentes, o que pode confundir e acabar fazendo com que algum save seja perdido, mas é um ponto que é fácil de se acostumar. 

O jogo é localizado em diversas línguas, possui uma ótima dublagem em geral, apesar de não possuir nenhum texto e nenhuma voz em português brasileiro, como a versão de PC que foi lançada em 1999, que acredito ser uma adição bem legal para fazer uma média com o público.

A performance do jogo é um ponto bem tranquilo, por se tratar de um título antigo com uma camada de maquiagem por cima, é muito fácil obter taxas de quadros elevadas e os controles e menus, apesarem de serem bem simples de se configurar, acredito que não haja tal necessidade, seja jogando no controle ou no teclado e mouse.

Revivendo clássicos

Minha experiência com Legacy of Kain: Soul Reaver I & II Remastered foi divertida na maioria dos aspectos, como a imersão, qualidade da narrativa e áudio, mas não foi tão boa, no aspecto que mencionei sobre o combate e limitações da idade do projeto.

De qualquer maneira, o conjunto do jogo me trouxe boas horas de diversão e frustração, com destaque positivo novamente para a ambientação. 

O jogo oferece uma qualidade de vida padrão para a época e razoável para os padrões modernos, possui uma interface completa, com indicativos de recursos e direção, mas possui menus “bagunçados”, com diversas coisas escritas num espaço muito pequeno, mas não é nada que faça com que a experiência do jogo seja prejudicada.



Para essa review, o jogo foi experienciado no PC, utilizando a plataforma Steam. Agradeço imensamente à Aspyr pela concessão da chave de acesso.